terça-feira, 28 de abril de 2009

Já que estou aqui, irei.

A vida sempre te surpreende, mesmo quando você acha que já sabe de tudo.
Tem dias que eu não sei se acredito no que sinto ou no que vejo. O que vejo é real e nunca parece se aplicar a mim. O que vejo nos outros e o que eles me dizem nem sempre me convence, ou quase nunca me atinge. Acredito mais no que sinto e nem sempre sinto as coisas do jeito que elas deviam ser. Eu sempre quis saber no que acreditar e para que acreditar. Sempre vi a vida de um jeito confuso, numa combinação nada harmoniosa de fantasia e desilusão.
Eu queria saber o jeito certo de ver a vida. Não é possível saber de tudo e há poucas horas tudo o que eu desejava era ter todas as certezas guardadas em mim, mas de repente eu vi que prever o mundo não faz uma pessoa ser melhor.
Viver, isso me faz melhor.
Posso não viver o novo todos os dias, e talvez muitas vezes eu desacredite em mim, na vida e no mundo. Mas uma hora os sonhos reais sempre acordam e te fazem querer crescer.
Sim, hoje eu estou pronta para viver.
Amanhã eu posso não estar, mas hoje estou. Minhas convicções não importam agora, o que importa é a sensação de que tudo pode dar certo e que, pelo menos por hora, acredito em mim e sei que sou capaz. Quero estar sempre assim, acredite, é o melhor que eu já fiz por mim.


Vim aqui para não esperar ninguém,
Para ver os outros a esperar,
Para ser os outros todos a esperar,
Para ser a esperança de todos os outros.

Vai pelo Casi Fora, Álvaro de Campos.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Digo e repito.

Quanto ao amor, acredito e sou devota.
Está na minha natureza amar ao amor, ninguém jamais poderá tirá-lo de mim. Me encanta vê-lo nos outros, me emociona tê-lo em mim e me destrói vê-lo acabado. Amo até os amores que não me pertencem, vejo o amor onde quer que seja, onde ele talvez nem exista. Eu o idealizo e sinto seu brilho por toda parte. Sei que ele existe, eu posso ver.
Continuarei crendo na sua imortalidade até que me provem o contrário. Estarei atenta ao seu nascer toda vez que estiver ao meu redor. Continuarei amando ao amor com o fervor de uma beata pois o temo e creio nele, e sei que quanto mais rápido eu desacreditá-lo, menos tempo terei para sentí-lo.


Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.

Ridículas, Álvaro de Campos

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Para ninguém.

Mas afinal, alguém pode me dizer o que somos?
Máquinas perfeitas, mentes complexas. Alguns gênios, outros não, mas todos com algo a ser explorado. E por quê? Para quê? Temos uma razão, deve haver alguma razão para existirmos. Somos uma crianção grandiosa demais pra simplesmente morrer e acabar.
De todos os meus medos, esse é um dos maiores.
Acabar, sem deixar nenhuma marca. Não vencer, apenas viver e morrer. Estou certa de que não nos enviaram até aqui apenas para sobreviver aos desníveis da sociedade mas também para fazer algo mais, pois temos potencial para isso. Não fomos criados para benefício próprio, deve haver algo por trás da nossa existência. A credito que somos criados uns para os outros, numa relação de salvamento mútuo. Não cabe a mim viver apenas a minha vida. Quero mais, quero fazer parte de várias vidas e salvá-las diariamente, assim como quero ser salva sempre que preciso.
Não vejo sentido na vida de quem vive para si só. Somos fortes e fracos, ricos e pobres, pequenos e grandiosos, sempre mais e menos, alguns mais ou menos. Há sempre algo que pode ser feito, não importa como, mas há sempre um ponto que pode ser trocado por uma vírgula. Afinal, olhando para mim, vejo que não sou nada, e que de fato, como disse Álvaro de Campos, nunca serei nada e todos sonhos do mundo que tenho em mim devem servir para alguma coisa.

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!

Tabacaria, Álvaro de Campos.

domingo, 19 de abril de 2009

Ainda que me sufoque.

Às vezes o que sinto é um medo de sonhar, como agora.
Medo de sonhar com coisas que nunca serão verdade, medo de acreditar demais em mim. Medo de no fim, ver que fui tola por pensar que seria tantas coisas, que faria tantas coisas.
Mas na maior parte do tempo, sonho alto.
Sonho alto e sem medo. Acredito em possibilidades sem nexo, às vezes até estúpidas. Me vejo abraçando o mundo, amando, vivendo, num futuro que não passa de um sonho. Para uma pessoa com tantos altos e baixos, sonho com certas extravagâncias e exageros incomuns. Para quem acredita tão pouco no presente, parece absurdo imaginar e fantasiar um futuro assim, tão incrível.
Talvez seja assim pois sempre penso que amanhã minha vida vai começar. Sonho com um momento em que as coisas começarão a andar. O exato momento em que eu descobrirei quem eu sou e por que estou aqui, descobrirei meus talentos, meus vícios e virtudes. O momento em que terei a alma completa o bastante para começar o que devo fazer.
Mas enquanto isso não acontece, me limito a escrever sobre coisas que talvez não façam sentido para quem as ler algum dia, e talvez não façam sentido algum nem para mim, mas confortam e geram mais um turbilhão de sonhos que, inúteis ou não, vão formar uma parte de mim algum dia ou então serão simplesmente a prova de que apesar de tudo, sempre acreditei que podia algo mais.

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Tabacaria, Álvaro de Campos.