sábado, 1 de janeiro de 2011

Com "E" no final.

Meu nome é Caroline. Por favor, não confunda. Caroline, com “e” no final. Eu não sou muito, não sou pouco. Eu não sou nada, por enquanto ou para sempre, eu não sei. Eu não sei. Eu nunca sei.
Eu não costumo crescer em mim, não tenho nenhum hábito narcisista. Não sou, porém doce, sociável ou delicada. Eu sou assim, e deve haver outros jeitos que eu deseje e talvez alcance, mas não ainda. Eu reclamo constantemente das coisas que deixo de ter, e fui ficando pequena para o mundo e enorme, insuportavelmente enorme dentro de mim.
Mas hoje eu senti algo além de mim e do mundo, além das minhas dores medíocres e minha anestesia estúpida. As insuficientes palavras do meu vocabulário banalizarão essa sensação, a levarão ao lugar comum, mas cresci e explodi em mim, e de repente tudo é um propósito claro e eu sou a única culpada.
Não há nada menor do que eu.
Não há nada maior também.
Agora eu sou quem sou sem angústias, crescida, forte. Além das dores físicas que senti, além do vazio sentimental que ainda sinto. Eu sou humana, planejada, milimetricamente, desenvolvida para abraçar e compreender o mundo. Posso dominá-lo, e engoli-lo. Não há nada nem ninguém além de mim capaz de parar meu progresso. Se sou ativa? Se tenho feito algo? Não, não tenho. Tenho ridiculamente desperdiçado minha vida lamentando inutilmente. Mas hoje, pelo menos hoje, acredito em qualquer coisa.
Erguida, impassível, não há nada nem ninguém que vá me parar. Eu estou no topo e na base, eu posso querer e querendo eu posso conquistar. Sejamos francos: todos somos enormes. É nossa culpa parecermos pequenos. Eu não preciso de uma razão para me odiar. Nunca mais serei meu carrasco. Meu mundo é outro, eu sou outra. Epifania : nada mudou, mas tudo está diferente.
Meus olhos estão enormes. Tudo vejo, tudo absorvo. O mundo é meu e eu sou do mundo. Tudo me pertence, pertenço a tudo. Sou gigante. E serei de qualquer jeito.
Sou suficiente para mim. Ainda serei mais do que jamais esperei.
Repito calmamente: não pararei. Estou pronta para o mundo. Jamais pararei.

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.

Põe quanto és
No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

Ricardo Reis

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