sexta-feira, 15 de maio de 2009

Entre a Sorte, o Querer e todo o Resto.

Sorte.
Não soa bem, não gosto desta palavra.
Não justifica nada e nem o azar, seu variante, me explica qualquer desgraça, contudo, não tenho uma teoria melhor para explicar as coisas boas que acontecem de repente e não me atrevo a dizer que não creio na sorte sem antes ter argumentos para contestá-la.
Poucas vezes na minha vida disse com todas as letras “estou com sorte”, e de uns tempos para cá até tenho reconsiderado minha opinião. Mas em todo o caso, duvido sim, não só por não vê-la com freqüência, mas também por confiar mais no mérito que no acaso, ou querer muito mais o mérito do que a sorte do acaso.
O que desejo quero ter por merecimento, não simplesmente por sorte, e mesmo não sabendo bem o que desejo, tenho meus princípios que, coerentes ou não, me fazem querer loucamente conquistar pouco a pouco tudo o que eu venha a querer um dia.
Às vezes exagero, eu confesso.
Mas penso em tantas coisas seguidas que acabo me perdendo nas idéias e as intensifico quando reencontro. E quando penso nas coisas que já sonhei em ser e em fazer, vejo que nada me seria válido apenas por sorte. O grande por sorte se diminui tal que o fato aumenta e o ser que o executa torna-se insignificante. Quero ser a responsável pela minha sorte e não que ela venha até mim.
Eu quero estar no topo não por obra da sorte, mas por minha própria obra e não quero culpar o azar pelas minhas quedas, pois isso é o que os fracos fazem.

Não dispenso a sorte, mas quero ir muito além dela.

Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.

Passagem Das Horas, Álvaro de Campos.


Um comentário:

  1. Adorei seu blog!!
    Só o nome dele já me chama a atenção, o conteudo é genial :)

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