segunda-feira, 6 de julho de 2009

Às Duras Decisões.

Um dia, quem sabe, ela se decida por não sonhar mais. E quando os raios deste dia a atingirem, ela verá que já não é mais uma criança e que deve pensar como uma pessoa séria, usando a racionalidade e calculando a vida meticulosamente, sem deixar-se levar pela imaginação que há tempos regia seus caminhos ou pelas vontades de menina que tinha em seus sonhos. Alguém lhe dirá que já era em tempo, que esta é a decisão que todos devem tomar numa certa altura da vida, mas ninguém lhe dirá que ser sério em tempo integral não é uma virtude e sim uma perda inestimável da vida.
Então, enquanto estiver se reeducando para não mais ver o mundo por uma bolha cheia de cores e sons falsos, alguém ao seu lado estará aproveitando toda a magia e todo o encanto que vai além do que os olhos podem ver, e talvez este alguém sorria para ela. Ela não sorrirá de volta, pois não é o que se espera que uma pessoa séria faça. Sofrerá por não ser o alguém, e talvez até tenha vontade de voltar atrás e ser mais uma vez a menina que acreditava nas fadas e na bondade, mas antes que o saudosismo a possua por inteiro, o mundo real a chamará de volta para as coisas sérias que lhe dizem respeito.
E ela certamente irá sofrer e chorar, pois quem lhe disse que os sonhos não serviam de nada ocultou a necessidade mórbida que todo ser humano tem de sonhar acordado com o mundo irreal e ideal. Ninguém lhe disse que os sonhos fortalecem e que a ausência deles faz de uma pessoa uma rocha oca, forte por fora, mas sem nenhum valor por dentro, fraca e inútil para os outros para si mesma.
Com o tempo, ela verá que decisões nem sempre são definitivas e que a coragem de voltar atrás e refazer a própria história é uma virtude e tanto. Olhará então para aquele alguém que sabia ver a vida do jeito que ela sempre quis e pedirá ajuda. Verá que pedir ajuda também é coragem e se irá sentir-se forte e indestrutível. Aos poucos, deixará de lado suas vãs convicções e idéias manipuladas, voltará a sorrir para a vida e não mais irá basear-se em números, mas sim em sentimentos. O alguém sorrirá mais uma vez e agora ela estará pronta para sorrir de volta com toda a sinceridade, alegria e o infinito de sentimentos bons que cabem num sorriso.
Sim, os sonhos perdidos podem ser reencontrados.
Sim, a vida perdida pode renascer.

Tudo o que ela precisa é ser livre como uma criança, sonhando como gente grande.

Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando.
Não estarei bem se não me deitar na cama.
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.

Tenho, Álvaro de Campos.

3 comentários:

  1. Ah! Os sonhos! Dê-me um só homem que não seja escravo dos seus sonhos e eu o colocarei no centro do meu coração. A realidade é triste demais para ser aceita como único paradigma da vida. Mas têm-se que saber sonhar! Ou serão os sonhos como as estrelas, belos mas inalcansáveis. O que seria de um homem que não sabe mais sonhar? Não, não deixe de viver de sonhos, somente neles nos libertamos. Muito bom o texto. Parabéns.

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  2. Que simplesmente INCRIVEL *-*
    Lindo mesmo!

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  3. nossa sonhos,e tão importante na vida das pessoas,
    e o ruim que a pessoas que desiste de sonhar...
    muito bom mesmo...
    bjim

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